segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Lillian Ross / Hemingway e Salinger são os maiores

Ernest Hemingway

Hemingway e Salinger são os maiores, diz Lillian Ross

Sergio Rodrigues
TODOPROSA
13/12/2010

Os dois maiores escritores do meu tempo são Ernest Hemingway e JD Salinger. Ambos cruzaram a fronteira entre o século 20 e o 21 com sua originalidade, sua substância e seu poder de permanência intactos. Como repórter e como amiga – com o privilégio de brincar na sua área – foi excitante observar em primeira mão o gênio único dos dois escritores revelar-se de forma cada vez mais nítida com o passar dos anos.
Ambos tinham um senso de humor muito particular – surpreendente, inimitável, em conversas, em cartas e em seu trabalho. Salinger me mantinha ao telefone por horas, morrendo de rir, falando de tudo e de todos à nossa volta. Ele adorava ler e adorava escrever. Hemingway costumava dizer que amava a parte de escrever, “mas não o que vinha depois”. O que veio depois para ele foram anos de inexplicável censura por ter tido a coragem e o gênio de nos dar prazer e iluminação duradouros na leitura.
Nunca entendi a parte do “depois”, nem no caso de Hemingway nem no de Salinger. Temos visto tentativas deprimentes de derrubar Salinger também. Salinger amava as pessoas que criava e as protegeu até a sua morte. Ele nos deu Holden Caulfield. Ele nos deu a família Glass. Então por que alguns críticos “literários” adotam um tom de tanta censura sobre sua vida pessoal?
O artigo (em inglês, acesso gratuito) que Lillian Ross, lenda viva do jornalismo literário americano, publicou ontem no “Observer” sobre JD Salinger – e um pouco sobre Ernest Hemingway – não tem nada de crítica literária. É antes um assumido e emocionado depoimento de amiga, o que evidentemente interfere com qualquer juízo estético mais equilibrado. Ainda assim, sua afirmação de que os dois foram os maiores escritores de seu tempo, nem mais nem menos, deve dar o que falar.

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